`` A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática de dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente do homem``
Paulo Freire
Este livro está organizado em quatro capítulos :
1. A Sociedade Brasileira em Transição
2. Sociedade Fechada e Inexperiência Democrática
3. Educação “Versus” Massificação
4. Educação e ConscientizaçãoNo primeiro capítulo, Paulo Freire apresenta sua interpretação sobre as forças políticas que disputavam o poder no início da década de 1960, esclarecendo inicialmente seus pressupostos filosóficos. O Brasil, segundo o autor vivia um tempo de trânsito, ou seja, a passagem de uma época para outra, ele afirma que o ponto de partida para esse trânsito foi a sociedade fechada, comandada por um mercado externo, assim seu povo possuía elevados índices de analfabetismo. Para o autor esta avaliação rachou-se. As forças que estavam em disputa eram contraditórias, provocando assim no homem brasileiro o surgimento de atitudes optativas com tendência de radicalização na opção.
Para o autor a educação na fase de trânsito se fazia uma tarefa altamente importante, pois através de uma educação de diálogo e ativa, voltada para a responsabilidade social e política, chegariam à transitividade crítica que se caracteriza pela profundidade na interpretação dos problemas. Entra aí a matriz verdadeira da democracia.
No segundo capítulo, Paulo Freire resgata a história e as características do Brasil no período colonial e na fase do Império, esclarecendo a inexistência da participação popular, inclusive durante a passagem para a República.
O Brasil nasceu e cresceu sem experiência de dialogo. Paulo Freire ressalta que a dialogação implica a responsabilidade social e política do homem.
Mas foi exatamente neste século que o Brasil começou seu grande impulso, iniciou-se aí um desenvolvimento crescente da urbanização. O país começava a encontrar-se consigo mesmo e seu povo emerso iniciava as suas experiências de participação. Tudo isso estava envolvido nos embates entre os velhos e os novos temas; a superação da inexperiência democrática por uma nova experiência : a da participação.
No terceiro capítulo, Paulo Freire faz a crítica à educação tradicional que, na época, eram as praticas pedagógicas aplicadas nas escolas.
Paulo Freire faz uma ressalva em relação às práticas pedagógicas que resistem à teoria. A educação escolar vigente não é teórica porque lhe falta o gosto da comprovação, da invenção e da pesquisa; ela não comunica.
O autor enfatiza que nada ou quase nada existe na educação formal que desenvolva no estudante o gosto da pesquisa e da contestação. O que implicaria o desenvolvimento da consciência transitivo-crítica.
O autor narra que há mais de 15 anos a equipe em que participava vinha acumulando experiência no campo da educação de adultos. Os professores deste Círculo de cultura criado eram chamados de coordenadores e instituíam debates de grupos, através de entrevistas que mantinham com eles e de que resultava a enumeração de problemas que os alfabetizandos gostariam de debater. Segundo Freire, os resultados eram surpreendentes. Numa das experiências, um dos participantes escreveu com segurança : “Eu já estou espantado comigo mesmo”. Vê-se que ninguém ignora tudo e ninguém tudo sabe.
Paulo Freire analisa que somente de algum tempo para cá, vem-se sentindo a preocupação em identificar –se com a realidade do país, em caráter sistemático. É o clima da transição. A oportunidade de uma intervenção pedagógica criticizadora estava posta, tendo como perspectiva a superação de posições reveladoras de descrença no educando, no seu poder de fazer, de trabalhar, de discutir.
Conforme os dados acima apresentados observa-se que a proposta pedagógica de Paulo Freire para a educação de jovens e adultos é aplicável até hoje em nossa educação atual.
Estavam assim , tentando uma educação que lhes parecia a de que precisavam, identificada com as condições da realidade. Pensavam em criticizar o homem através do debate de situações desafiadoras, que colocadas diante dos grupos, e estas situações teriam que ser existenciais para eles.
Com todo esse esforço para se implantar uma pedagogia libertadora verificou-se nos anos 90 a implementação de um projeto pedagógico inovador, mas sabemos que apenas uma proposta pedagógica não pode dar conta de superar os desafios atuais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário